Se tem uma coisa que me satisfaz no cinema é assistir a um filme repleto de humor negro que ironiza e critica uma sociedade. Beleza Americana, que apesar de não ter tanto humor negro assim, é um bom exemplo, mas se torna pequeno e fraco após ver a obra prima de Todd Solondz.

A historia é divido em nucleos que se interligam. Temos Joy (Jane Adams), uma garota que sonha encontrar o principe, suas irmãs Trish (Cynthia Stevenson) e Helen (Lara Flynn Boyle), a primeira tem dois filhos com o pedófilo Bill (Dylan Barker), a segunda, uma escritora vivendo uma época sem criatividade. Paralelamente, Kristina (Camryn Manhein) que nao gosta de sexo, é apaixonada pelo solitário Allen (Philip Seymour Hoffman), que possui disturbiso sexuais.
Cada personagem com seus problemas, cada um a procura de ser feliz, ao seu modo. Vemos a felicidade, mesmo que momentanea, quando Joy sai com um homem que lhe protege de acusações de grevistas, Kristina sai com Allen e este se encontra com Helen. E mesmo que a felicidade esteja escondida no mais cruel dos atos, como os do pedófilo Bill, ou ate mesmo seja fantasiosa, como a de Trish, o filme vai montando uma teia interessante, analisando cada caso de felicidade.
A pergunta é: Seria possivel encontrar a felicidade absoluta, a felicidade suprema. Solondz usa os personagens nesse experimento para concluir que não, e sim que a felicidade é momentanea e causada pelo prazer que algo nos dar, podendo ser o mais simples, como o primeiro gozar de um pre-adolescente, ou mais cruel como abusar de uma criança. E é justamente na cena, que os dois personagens que protagonizam tais felicidade de forma totalmente oposta, que a marca do diretor aparece.

O filme brinca (lê-se, a partir de um humor negro, ironiza e ridiculariza) pessoas normais com seus problemas, cenas como uma trilha sonora alegre, representando a felicidade Joy ao passar pelos grevistas furiosos, ou ate em cenas mais fortes, como no estupro (isso mesmo) de Kristina e o derradeiro final da cena, e de Allen, passando de assustador tarado para um bobão perto de Helen e diversas outras, protagonizadas pelo filho de Bill.
Reger com maestria cenas comicas envolvendo assuntos perigosos e, principalmente, machucar feridas da sociedade, em especial a americana, mas como dito antes, aplicavel a qualquer sociedade, é a especialização de Todd Solondz e é justamente aqui em Felicidade que ele usa e abusa disso. Perfeito, obra prima!
Direção: Todd Solondz
Elenco: Jane Adams, Cynthia Stevenson, Lara Flynn Boyle, Philip Seymour Hoffman, Dylan Baker