segunda-feira, 25 de julho de 2011

#004 Felicidade (1998)

Se tem uma coisa que me satisfaz no cinema é assistir a um filme repleto de humor negro que ironiza e critica uma sociedade. Beleza Americana, que apesar de não ter tanto humor negro assim, é um bom exemplo, mas se torna pequeno e fraco após ver a obra prima de Todd Solondz.

O diretor ja mostrava suas garras 3 anos antes, em Bem Vindo a Casa de Bonecas, quando, com humor negro peculiar, analisava o bullying, numa epóca em que isto nao era "moda". em 1998, lança Felicidade, e com o mesmo humor negro impreguinado no filme anterior, destruindo todo o otimismo lançado sobre a sociedade americana, mas facilmente expandida para qualquer uma.

A historia é divido em nucleos que se interligam. Temos Joy (Jane Adams), uma garota que sonha encontrar o principe, suas irmãs Trish (Cynthia Stevenson) e Helen (Lara Flynn Boyle), a primeira tem dois filhos com o pedófilo Bill (Dylan Barker), a segunda, uma escritora vivendo uma época sem criatividade. Paralelamente, Kristina (Camryn Manhein) que nao gosta de sexo, é apaixonada pelo solitário Allen (Philip Seymour Hoffman),  que possui disturbiso sexuais.

Cada personagem com seus problemas, cada um a procura de ser feliz, ao seu modo. Vemos a felicidade, mesmo que momentanea, quando Joy sai com um homem que lhe protege de acusações de grevistas, Kristina sai com Allen e este se encontra com Helen. E mesmo que a felicidade esteja escondida no mais cruel dos atos, como os do pedófilo Bill, ou ate mesmo seja fantasiosa, como a de Trish, o filme vai montando uma teia interessante, analisando cada caso de felicidade.

A pergunta é: Seria possivel encontrar a felicidade absoluta, a felicidade suprema. Solondz usa os personagens nesse experimento para concluir que não, e sim que a felicidade é momentanea e causada pelo prazer que algo nos dar, podendo ser o mais simples, como o primeiro gozar de um pre-adolescente, ou mais cruel como abusar de uma criança. E é justamente na cena, que os dois personagens que protagonizam tais felicidade de forma totalmente oposta, que a marca do diretor aparece.

Em uma conversa, entre o pai pedofilo e seu filho, o diretor se livra de todo pre-conceito que podia ter e simplesmente permite que um pedofilo possa responder a questões que nós fariamos, representado por uma criança. Por mais cruel seja a metafora que faço, essa cena é como um gato estivesse explicando para um rato (ou passarinho) porque deve caçá-lo. As atuações são incríveis e, além do roteiro, responsáveis pelo climax gerado na cena, que possui cortes alternando nos focos do pai e da criança, deixando os atores se expressarem ao máximo e tornando mais humano a cena. Uma das melhores cenas do cinema!!!!

O filme brinca (lê-se, a partir de um humor negro, ironiza e ridiculariza) pessoas normais com seus problemas, cenas como uma trilha sonora alegre, representando a felicidade Joy ao passar pelos grevistas furiosos, ou ate em cenas mais fortes, como no estupro (isso mesmo) de Kristina e o derradeiro final da cena, e de Allen, passando de assustador tarado para um bobão perto de Helen e diversas outras, protagonizadas pelo filho de Bill.

Reger com maestria cenas comicas envolvendo assuntos perigosos e, principalmente, machucar feridas da sociedade, em especial a americana, mas como dito antes, aplicavel a qualquer sociedade, é a especialização de Todd Solondz e é justamente aqui em Felicidade que ele usa e abusa disso. Perfeito, obra prima!


Direção: Todd Solondz
Elenco: Jane Adams, Cynthia Stevenson, Lara Flynn Boyle, Philip Seymour Hoffman, Dylan Baker

domingo, 24 de julho de 2011

#003 Get Low - Segredos de um Funeral

Um funeral. Uma festa de funeral. Uma festa de funeral com o anfitrião vivo e presente. Get Low - Segredos de um Funeral no mínimo pode ser considerado curioso pela sinopse apresentada. Mais ainda pelo elenco de grandes nomes e atuações. Estamos falando de Robert Duvall, Bill Murray, Sissy Spacek, Bill Cobbs e outros que compõem o estrelato. Já se soma dois argumentos para você assistir. Mas cinema não vive só de sinopse e atores/atrizes e, felizmente, confirmo que Get Low - Segredos de um Funeral vai muito alem disso.

Baseado numa historia real, em que um homem, misterioso eremita, na década de 30, resolveu fazer uma festa de seu proprio funeral, quando ainda estava vivo, convidando todos aqueles que possuíssem alguma historia a seu respeito. 

Duvall interpreta o tal misterioso eremita, excelente, é dificil dar vida a um personagem que requer frieza, naturalidade e calma, mesclando com racionalidade e tristeza. Robert vai levando o personagem, passando por humor negro, drama e suspense, divertindo e emocionando o expectador. Bill Murray é outro que brilha. Interpretando o dono da agencia de funeral, um homem extremamente ganancioso que pretende realizar todos os desejos de Felix em troca de uma boa grana. Os demais coadjuvantes também estão bem. Sissy Spacek brilha como a simpática Mattie e Bill Cobbs, como o reverendo amigo de Félix.

Roteiro é excelente, mesclando o drama (vivido por Félix, em guardar um segredo), com o humor negro (de toda a situação gerada, já ser cômica) e  pitadas de suspense (de qual segredo seria). O personagem principal em si é uma figura e é ele próprio que costura todo o roteiro e os diálogos, situações como sortear a própria herança para os convidados e ser um velho rabugento e mimado perto de Murray, são traços do humor negro presente no filme. O drama se concentra no final e o suspense percorre todo o filme, representado pela trilha sonora e pela fotografia, meio amarelada e meio escura.

Enfim, o filme é brilhante, o visual ajustado para o suspense e muito bem dirigido por Aaron Schneider que soube focar bem nos atores e mesclar os generos, sem se tornar chato e inapropriado!

Direção: Aaron Schneider
Elenco: Robert Duvall, Bill Murray, Sissy Spacek, Bill Cobbs, Lucas Black.

sábado, 23 de julho de 2011

#002 Se Beber Não Case 2

ESTE TEXTO CONTEM SPOILERS, SÓ LEIA SE TIVER VISTO O FILME.

Não estava na minha cabeça assistir esse filme nos cinema. Sinceramente, estava esperando passar na TV, para ter a chance de vê-lo. Mas no dia, o tédio me corroía e meus queridos amigos resolveram me chamar para ver um filme. Marcamos então ver Se Beber Não Case 2.

Apesar de ter visto o primeiro filme e ter tido ate uma simpatia com ele, a realização de um segundo não me descia. E nem me desceu ao longo do filme. Não que o filme seja extremamente ruim, ou que seja pior que o primeiro, mas é pela simples repetição de tema e de piadas que rodeia o filme por inteiro, apesar que admito que a resolução do mistério, nesse filme, tenha sido melhor que no filme passado.

A aventura agora ocorre na Tailandia, Phil (Bradley Cooper), Alan (Zach Galifianakis) e Doug (Justin Bartha) são convidados para o casamento de Lauren (Jamie Chung) e Stu (Ed Helms), odiado pelo pai da noiva, que prefere ao irmão Teddy (Mason Lee). Numa noite, antes do casamento, Phil, Alan, Doug, Stu e Teddy saem para brindar e se divertirem. A partir daqui, você ja sabe o desenrolar do filme, no outro dia acordam sem saber de nada e perdem, dessa vez, Teddy, irmão da noiva.

E o filme vai se desenrolando, meio que forçado, aparecendo pistas do nada, como na barriga de Alan uma mensagem de encontro, ou numa sessão de meditação que o faz lembrar de uma parte da noite, enfraquecendo um pouco a comédia e inutilizando o suspense do filme.

O teor cômico do filme continua quase que o mesmo do primeiro, lembrando algumas cenas, como a simulação de masturbação em um bebê no primeiro filme, e neste, simulação de um penis ereto em um monge, e um macaco fazendo sexo oral. Além disso, cenas constrangedoras para o personagem, como o tamanho do penis do japonês, ou uma cena, ate bem desenvolvida, de um travesti que narra sobre a relação sexual com Stu.

Do elenco principal, Zach Galifianakis continua a ser o mais engraçado, ate porque seu personagem o força a isso, já que é o mais non sense, infantil (visto no começo do filme, em que o próprio diretor o transforma em criança literalmente) e divertido. Atenção especial para Paul Giamatti, que numa cena, consegue provocar risos sinceros. Além do macaco, que protagoniza uma das cenas mais hilárias, não pelo ambiente gerado, mas pela atuação canastra de Zach e do macaquinho.

E já que estamos falando de cenas cheias de canastrice, é justamente a cena que Mike Tyson aparece cantando que meu rosto corou de vergonha alheia. Canastrice tanto na atuação do lutador, quanto na sua voz, chegando a ser mais vergonhoso que qualquer outra cena do filme.

Gostei bastante da solução do problema, mas infelizmente não é o suficiente para dizer que o filme é ok. Teor machista alto, e nesse, aumentou cenas obscenas gratuitas, para se gerar um humor, que as vezes, mais causa vergonha alheia, do que um humor serio.

Direção: Todd Philips
Elenco: Bradley Cooper, Ed Helms, Zach Galifianakis, Justin Bartha, Sasha Barrese, Rachael Harris, Jamie Chung, Paul Giamatti



quinta-feira, 21 de julho de 2011

#001 Harry Potter e as Reliquias da Morte parte 2

ATENÇÃO ESSA CRITICA POSSUI SPOILERS, LEIA APENAS SE JA TIVER VISTO O FILME!!

Depois de 10 anos, termina uma das maiores sagas (em tempo mesmo), mais prestigiadas e bem feitas do cinema/literatura. Harry Potter terminou com um dos mais brilhantes capítulos da série, Harry Potter e as Reliquias da Morte parte 2.

O filme começa com o final da parte 1, Voldemort (Ralph Fiennes) roubando a varinha das varinhas no túmulo de Alvo Dumbledore (Michael Gambon). Ja nesse inicio, a montagem se mostra eficaz, com intercalações de fades, cenas do final da primeira parte, entre o trio Potter (Daniel Radcliffe), Rony (Rupert Grint) e Hermione (Emma Watson), e o furto da varinha. 

O visual continua típico, uma direção de arte extremamente fiel a criatividade da autora J.K.Rowling, fotografia se repete dos filmes anteriores, dando um tom mais esverdeado em cenas de teor mais sombrio, como o encontro entre Harry e Voldemort. Os efeitos especiais muito bem utilizados, sem estragar a estória e  devidamente postos nas cenas.

O filme é o mais ágil da serie, tendo nos primeiros minutos uma invasão ao banco de Belatriz para achar a horcruxes, escapando primeiro de objetos que se multiplicam ao toque e depois, fugindo, em dragões, de duendes. Toda essa agilidade é bem costurada pela montagem, que intercalando a cenas de ação que ocorrem ao longo do filme, agiliza a obra e não a deixa cansativa.

O elenco do filme continua sensacional. Alan Rickman e Michael Gambon, brilham cada um em suas cenas. Alan, como Snape, é o principal motivo para a emoção gerada na morte do personagem, alem de prosseguir psicologicamente (entende-se aqui, o iintrospectivo, frio, assustador e pensativo Snape) por toda a saga imutavel. 

Michael Gambon volta em uma das cenas mais reflexivas de toda a saga. Num diálogo entre Dumbledore e Harry Potter, uma das cenas mais lindas e expressivas do filme, e a unica cena (acredito que de toda a saga) com fotografia neblinada. Aqui, ha uma discussão sobre magia, sobre palavras e seus efeitos na sociedade, uma lição sobre escolhas.

Ralph Fiennes cria um vilão longe de estereotipos e clichês. Extremamente eficaz e por tras de uma excelente maquiagem (que ja merecia o oscar faz tempo) demonstra um controle sobre o personagem, transmitindo o sofrimento (após as destruições das horcraxes) e o prazer da vitória misturada com a realização (quando acredita ter matado Harry Potter), transformando assim, Voldemort, em um vilão bem desenvolvido, com uma psicologia, racionalidade e principalmente, um humano, e nao um monstro, como qualquer outro ator poderia transformar.

Mas, é David Yates o cara por tras da excelencia de Harry Potter.

Dirigindo a saga desde de A Ordem da Fenix, David so se aprimorou na saga, tornou-a extremamente adulta e finalizou excelente. Afinal, todo o filme é regido maravilhosamente bem, a trilha bem usada, expressando um pouco de saudosmismo em algumas partes. A intercalaçao de cenas entre de ação e as cenas aéreas (muito bem filmadas, algumas lmbrando Senhor dos Anéis, como a que Voldemort inicia o ataque e os bruxos lançam magia, similar às flechas dos elfos na obra de Peter Jackson), mesclando com pitadas de comedia (como a cena do Neville fugindo na ponte de um exercito temembroso de guerreiros de voldemort, ou a cena que Minerva fala "Sempre quis utilizar essa magica" após "recrutar" os guerreiros que protegem Hogwats) e de romance (aqui uma das cenas mais esperadas, o beijo entre Rony e Hermione, muito bem feito, sem melancolismo, depois da destruição de uma horcraxes, se beijam, provocado pela adrenalina gerada).

A saga termina excelente, tecnicamente perfeita e extremamente fiel a toda uma geração formada no inicio do século!

Direção: David Yates
Elenco: Daniel Radcliffe (Harry Potter), Ralph Fiennes (Voldermort), Emma Watson (Hermione Granger), Rupert Grint (Rony Weasley), Alan Rickman (Severo Snape), Michael Gambon (Alvo Dumbledore), Helena Bohan Carter (Belatriz) Maggie Smith (Minerva McGonagall).